terça-feira, 12 de agosto de 2008

O SACERDÓCIO E O IMPÉRIO

O Sacerdócio e o Império

Otto de Alencar de Sá-Pereira

Personagens desse artigo:

1) Sua Santidade João Paulo II, O Papa da Igreja Universal, Bispo de Roma, Patriarca do Ocidente, vigário de Jesus Cristo, Servo dos Servos de Deus, Soberano do Estado do Vaticano, etc.
2) Sua Alteza Imperial e Real o Arquiduque Otto de Habsburgo-Lorena, Chefe da Casa Imperial Austríaca, Real da Hungria e da Bohêmia, da Croácia, da Eslovênia, etc (Herdeiro do Trono do Sacro-Império-Romano-Alemão, extinto, em 1805, por Napoleão com o título de Sacra e Cesárea Majestade Imperial e Real Apostólica) atualmente deputado ao Parlamento Europeu, pelo Estado da Baviera, com o nome de Dokctor Otto Von Habsburg.

Histórico do artigo

O Grande Papa Leão XIII, o Pontífice da questão operária, pela sua encíclica “Rerum Novarum”, cujo pontificado começou no início do século XIX, e terminou nos princípios do XX não foi só o Papa das questões sociais. Abordou muito, também, questões políticas, do relacionamento entre o Poder Espiritual e o Temporal, mostrando que o Poder Temporal devia guiar-se pelo Espiritual como o corpo se orienta pela alma. Não temos certeza se foi na encíclica “Diuturnum Illud” ou “Imortale Dei”, ou em outro dos seus inúmeros documentos, que Leão XIII referiu-se à Idade Média, chamando-a de “Doce Primavera da Fé”. Nela, evidentemente com outras palavras, o Papa diz: “houve tempo em que o Sacerdócio e o Império mantinham um feliz consórcio no qual, cada um cuidando de seus negócios, não deixava de entender que os temporais deviam se guiar pelos espirituais, no que diz respeito à Fé, à Moral, aos Costumes, etc” Infelizmente, as palavras de Leão XIII, como as de seus antecessores ou sucessores, nem sempre foram seguidas pelos homens, principalmente a partir do Renascimento e especialmente após a nefasta Revolução Francesa.
Opositores surgiram, a partir do século XV, e, chegando ao ápice nos séculos XVIII e XIX; seitas religiosas que se afastaram da Igreja de Cristo (Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja); idéias que se opunham à Filosofia Cristã, e que até combatiam a Santa Igreja, em Sua Doutrina, assim com em Sua Estrutura.
Pio VI sofreu as conseqüências da Revolução Francesa, sendo até encarcerado, Pio VII teve que agüentar os insultos de Napoleão, sendo obrigado a ir a Paris, para coroá-lo Imperador dos franceses, (A Providência Divina, entretanto, não abandona seus filhos, utilizando-se até dos demônios, para defendê-los. No caso, os demônios insuflaram o orgulho de Napoleão, e esse, retirando a Coroa das mãos do Papa, coroou-se a si mesmo, Imperador dos franceses. Seu orgulho, vaidade e seu ateísmo livraram a Igreja e a Cristandade, de uma enorme e triste responsabilidade: ter coroado um soberano ilegítimo, imposto pela força das armas) Os Papas do século XIX, como Gregório XVI e Pio IX, e outros, presenciaram as seitas secretas combaterem a Santa Igreja e a estrutura das Monarquias européias, e o surgimento do capitalismo desumano e do socialismo revolucionário e do comunismo ateu.
Os Papas, nessas borrascas, não deixaram nunca de se fazerem ouvir e seguir por suas palavras, seus exemplos e principalmente suas orações. Mas o demônio, príncipe desse mundo, desde os fins da Idade da Fé, vem obtendo vitórias sobre vitórias, fazendo do homem contemporâneo, um ateu, prático ou teórico, ou a vez, as duas coisas. Quando os homens de hoje não são ateus, são inimigos de Deus e de Sua Igreja. Algumas vezes inconscientemente, a maior parte das vezes por hedonismo, procura incansável dos prazeres terrenos, vaidade, orgulho, cupidez, maldade, desse modo, deixando Deus e a Igreja de lado.
Apesar de tudo isso, a figura, a palavra e o respeito pelo Papa, não deixaram de existir.
João Paulo II, o grande Papa, que teve, ao falecer, um reconhecimento internacional de suas virtudes, de seu poder e sua importância no Mundo cristão e mesmo não cristão, não só pelo povo, vindo de toda parte, que com silencioso respeito, desfilou durante horas a fio, ordenadamente, em fila, para ver, pela última vez, o seu pai espiritual, Vigário de Cristo na Terra, em seu catafalco, armado dentro da Basílica de S. Pedro, mas também de quase todos os Chefes de Estado e de Governo, Reis, Presidentes e Primeiros-Ministros, do Mundo, prestando-lhe as últimas homenagens (deve-se aqui ressaltar fotografia que foi publicada, em primeira página, de quase todos os jornais do Ocidente: ao lado do catafalco de João Paulo II, ajoelhados em oração, o Presidente Bush dos EE. UU., sua mulher, seu pai, o Ex Presidente Bush, o ex Presidente Clinton, e a Secretaria de Estado Condolezza Rizzi).
João Paulo II (o antecessor do também extraordinário Papa, o nosso atual Bento XVI), fez em 1988, uma visita ao Parlamento Europeu. Quando estava na tribuna, falando à Europa inteira, deu-se o mais afrontoso e desrespeitoso acontecimento, ocorrido no século XX: Um deputado da Irlanda do Norte, protestante, porém provavelmente louco e fanático, exasperou-se, pôs-se de pé, interrompendo o discurso do Papa, e passou, em alta voz, a ofendê-lo, chamando-o de o Anti-Cristo.
(Napoleão, em suas vitoriosas andanças pela Europa, havia abolido o multi-secular “Sacro-Império-Romano-Alemão”, que apresentara-se nos últimos cinco séculos, por Imperadores da Casa de Habsburgo, os quais constituíram-se de 1815 a 1918, como Imperadores do Império Austro-Húngaro, mas que guardaram em face a toda a Europa, o prestígio dos antigos Imperadores do Sacro-Império).
Naquele momento ultrajante, no qual um louco herético, em 1988, no Parlamento Europeu, investe contra a Sacro-Santa Pessoa do Papa, do Vigário de Cristo na Terra, foi como se se apagassem os 173 anos, que separavam aquele momento, da extinção do Sacro-Império. Dokctor Otto Von Habsburg, ou seja, aquele que seria o Imperador do Sacro-Império, o Deputado pela Baviera, o Arquiduque de Áustria, com seus 70 anos, levanta-se do seu lugar, e, com santo furor, avança contra o autor do ultraje, “manu militari”, segurando-o fortemente pela ola do casaco, ajudado por outros deputados católicos, e colocando-o para fora do recinto violentamente. Naquele momento o Sacerdócio, ou seja, a Tiara, teve novamente a ajuda da Coroa Imperial, com todo o amor e devoção, que os Imperadores do Sacro-Império sempre tiveram, com raras exceções, pelo Papado.
A frase de Leão XIII fez-se presente naquele momento: “Feliz consócio entre o Sacerdócio o Império”. Naquele momento, voltou-se, por instantes, à Doce Primavera da Fé.




Nenhum comentário: