quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O HOMEM BRASILEIRO E A VERDADE


O homem brasileiro e a Verdade

• Trabalho não-publicado - 01/02/2007 •
Otto de Alencar de Sá-Pereira

Lecionávamos, há alguns anos, em uma turma de Direito, quando, tomamos uma posição, no meio da aula, bastante exuberante, quase violenta, na defesa das Verdades da Santa Igreja de Deus. Afinal, estávamos em uma Universidade Católica (de Petrópolis). Lembramo-nos que dissemos: “Uma Religião que tem a petulância a audácia e a coragem de nos ensinar que um pedaço de pão e o vinho de um cálice, consagrados por um Padre Católico, se transubstanciam no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, e o Mesmo sendo Deus como o Pai e o Espírito Santo, logo Senhor de todo o Universo, esta Religião ou é a Única Verdadeira, ou a maior farsa de toda a História da Humanidade”.
A turma ficou boquiaberta e reinou um silêncio sepulcral. Quase todos os alunos eram católicos, mas, acreditamos, nunca tinham raciocinado a esse respeito. Falávamos sobre a Cultura, sobre a União Hipostática entre nosso corpo e nosso espírito, sobre as potências da alma, racionalidade, sensibilidade e vontade, sobre a essência do Ser Humano, feito à imagem e semelhança do Ser Absoluto, que é Deus, sobre a ressurreição dos corpos, à semelhança da própria Ressurreição de Jesus Cristo, etc, etc, quando por uma janela aberta da sala de aula, que dava sobre o corredor, o qual situava-se sobre a capela de Nossa Senhora de Sion, e portanto sobre o Sacrário, onde residia o Rei dos Reis, o Criador e Redentor Nosso, vimos, como dizíamos, um casalzinho de alunos, namorando, no corredor, de tal maneira unidos e amalgamados, em uma só matéria, que, de repente aquilo nos enfureceu, em uma santa indignação. Já tínhamos, inúmeras vezes, ao passarmos pelos corredores, presenciado situações iguais, e sempre ficávamos chocados, principalmente por tratar-se de uma Universidade Católica, onde havia ao Centro, uma capela, sempre com o Santíssimo presente. Mas, nesse dia, quando tratávamos de assuntos tão elevados, e vimos aquele deboche, aquela falta de vergonha, a poucos metros do Sacrário, perdemos o equilíbrio próprio de um professor, e vociferamos, sem que o casal nos ouvisse, aludindo ao que estávamos vendo, seguido da frase, antes aqui reproduzida. A indignação foi grande e seguiu-se de considerações pela falta de Fé, de Fé Verdadeira, por isso intitulamos esse artigo, como está no cabeçalho. Porque não é só na nossa Universidade, nem só nas outras universidades, é em todo o Brasil, infelizmente. Na realidade é em todo o Mundo. O homem contemporâneo vive como se Deus não existisse. A falta de Fé, Esperança e Caridade, é desconhecimento da Verdade. Tomando o nosso Brasil, em particular, podemos observar, o que dizíamos, de Norte a sul, de Leste a Oeste; em todas as classes sociais e especialmente, e isso é calamitoso, nas classes mais cultas, mais abastadas, mais eruditas. A Religião para esses é um folclore, às vezes interessante e útil, mas quase sempre maçante. O que Cristo ensinou serve para enfeitar algumas ocasiões festivas ou fúnebres de suas famílias, mas a verdade não é conhecida, e, quando conhecida, não é praticada. São os milhões de católicos de carteirinha, existentes, infelizmente, em nosso Brasil. Quando há Fé, essa é mal interpretada. Em nossa Universidade, existe, à direita da porta principal da capela, um belíssimo crucifixo, quase de tamanho natural. É edificante ver um aluno rezar aos pés desse crucifixo, abraçando os pés do Cristo. Mas esse mesmo aluno, ao entrar na Capela, não faz a menor menção de reverenciar o próprio Cristo, presente no Sacrário. É claro que, do ponto de vista sensível, o crucifixo impressiona mais. Mas aquele que tem Fé, deve atentar que o crucifixo é só uma escultura d’Aquele, que no Sacrário, nas hóstias consagradas, no Santíssimo Sacramento, apresenta-se na Sua Realidade de Corpo, Sangue Alma e Divindade. O homem não crê mais nessa Verdade, ou Melhor, na Verdade, pois Deus é a Verdade. Aquele que não é ateu, prefere dizer que Deus está em toda parte, no Céu, na Terra, em todo o Universo e até dentro de nós. E é verdade! Mas então, porque, na Última Ceia, Jesus o Homem-Deus, instituiu a eucaristia? Evidentemente, Ele não o fez sem um sentido, sem um propósito, porque Deus não faz nada sem um especifico propósito, e sempre para o nosso bem, pois Ele nos ama quase tanto quanto à Sua Mãe Santíssima. Foi por um infindável amor que Ele instituiu a Missa, e no Seu cerne, a repetição do Sacrifício do Calvário, com a Eucaristia e a Sua consumição, para nos alimentar espiritualmente. Em outros tempos, o homem cria nessas verdades. Um fidalgo espanhol, de pouco mais de vinte anos, no século XVII, foi, como quase sempre fazia, a uma taberna, beber e cair na esbórnia. Levava sua espada à cinta, seu colarinho “plissé” seu colete de couro suas calças bufantes, suas botas e chapéu de plumas. E no coração uma verdadeira Fé. Era jovem, não era santo, mas praticava sua religião. Passou parte da noite, bebendo, comendo, dançando e brincando, e a outra parte, no sobrado, na cama com uma prostituta. Quando viu, o sol, raiar, juntou seus pertences, vestiu-se mal ou bem, mas não esqueceu nada, muito menos o chapéu de plumas e o cinturão com a espada. Saindo da bodega, meio vivo, meu morto, ainda com sono de vinho, mas quase lúcido, deparou-se com uma procissão que passava, com um crucifixo à frente levado por um seminarista, vários coroinhas, carregando velas e tocando as sinetas, e no centro um pálio carregado por homens da Congregação do Santíssimo Sacramento, e debaixo dele um Sacerdote que trazia, circunspecto um cibório, onde levava o Santíssimo, para dar comunhão a doentes. O jovem fidalgo, tirou rapidamente o chapéu e pôs-se de joelhos ainda cambaleante, para adorar o seu Deus! Eis que, de uma esquina, surge um grupo de mouros islamitas (ainda os havia muitos na Espanha, nessa época) que atacam a procissão, com a intenção principal de profanar o Santíssimo Sacramento e matar o Padre e os coroinhas. Os mouros eram uns vinte homens. O jovem figalgo, sem titubear um instante, desembainha sua espada e avança violenta e corajosamente sobre os mouros. Matou uns dez, mas acabou morto. E morto, em defesa de sua Fé. O fato foi logo conhecido, e a Igreja imediatamente abriu um Processo de Canonização por Martírio. O que é o Martírio? É o Batismo pelo Sangue derramado, que apaga todos os pecados. O jovem fidalgo, no espaço de poucos meses, passou da cama de uma prostituta, para os altares das igrejas, à devoção dos fiéis; Hoje, quando um Padre ou Ministro ou Ministra da Eucaristia, passa pelas ruas, tendo na bolsa, o Criador do Universo, ninguém fica sabendo, ninguém o acompanha, nem ao menos, um castiçal e orações, nada, nada, e... É Deus que passa.
Para onde caminha esse Mundo e nele o nosso Brasil? Entretanto, graças às orações penitências e sacrifícios de uns poucos, o homem brasileiro, talvez volte a conhecer a Verdade, pois inúmeras são as Congregações e Institutos católicos, que ultimamente, estão surgindo no Brasil, atendendo à frase de N. Senhora, em Fátima: “No fim o Meu Imaculado Coração Triunfará”. FIM........



Um comentário:

Padre João Dias Rezende Filho disse...

Caríssimo professor Otto,

Descobri agora o seu blog e fiquei encantado com este seu texto.
O senhor tem toda razão, o laicismo e o ateísmo são as duas grandes pragas do mundo hodierno.

Abraço fraterno,
João Dias Rezende Filho